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Por que Advocacy? A importância do advocacy nas relações institucionais e governamentais para fortalecer a democracia participativa.

Introdução

Discutir advocacy sem uma definição rígida é, talvez, a melhor maneira de capturar sua essência. Muitas vezes, as definições são contaminadas por visões ideológicas e preconceitos. Infelizmente, no Brasil, tanto advocacy quanto lobby são vítimas desse problema, e o resultado é uma compreensão distorcida e limitada dessas práticas essenciais.


Então, em vez de começar com um "o que", vamos focar no "por que". Por que advocacy é crucial para as relações governamentais? Como essa prática pode ajudar a enfrentar a crise de representatividade que vivemos no Brasil? Vamos explorar essas questões e entender as verdadeiras funções e vantagens do advocacy.


Grupo de pessoas participando de uma manifestação, com uma jovem usando um megafone para fazer ouvir suas demandas.

A Crise de Representatividade no Brasil

A crise de representatividade no Brasil não é um tema novo, mas a sua persistência revela problemas profundos na nossa democracia. Existe uma percepção de que o Estado e os cidadãos estão em lados opostos, quase como adversários em um campo de batalha. Essa visão cria um ambiente onde a confiança está em falta e a colaboração, que é vital para a construção de políticas públicas eficazes, se torna quase impossível.

Um dos problemas centrais dessa crise é a dualidade entre o Estado, que detém o poder de representação, e o cidadão, que é representado. Muitas vezes, essa relação é vista como uma oposição, quando deveria ser uma parceria. Para um país funcionar de maneira eficiente, é necessária a colaboração entre o Estado, a sociedade civil e o mercado. Quando esses três pilares trabalham juntos, conseguimos desenvolver políticas públicas mais transparentes, eficazes e que realmente atendem às necessidades da população.

Outro aspecto crítico é como entendemos o voto. No Brasil, temos uma visão limitada do que é a democracia, frequentemente reduzida ao ato de votar. No entanto, votar é apenas um passo dentro de um processo muito maior. A verdadeira democracia envolve participação ativa e contínua dos cidadãos no processo decisório. Se restringimos a democracia ao voto, estamos negligenciando outras formas importantes de participação.


Além disso, o sistema eleitoral baseado no princípio da maioria simples (50% mais um) não reflete necessariamente a vontade da maioria absoluta. Esse sistema pode levar a uma falta de representatividade real e agrava a crise de confiança. Soma-se a isso a ausência de mecanismos eficazes de controle e accountability vertical, deixando os cidadãos praticamente impotentes para retirar do poder representantes que não correspondem às suas expectativas até a próxima eleição.


Esses fatores combinados contribuem para uma crise de representatividade que enfraquece nossa democracia. É aqui que advocacy se torna essencial. Advocacy oferece uma forma de representação não eleitoral, permitindo que a voz da sociedade civil seja ouvida de maneira contínua e eficaz. Ele complementa a representação eleitoral, fortalecendo a democracia participativa e garantindo que os interesses dos cidadãos sejam considerados.


A Importância do Advocacy

Então, por que advocacy? Porque simplesmente confiar no nosso modelo de representação eleitoral não é suficiente. As eleições, embora cruciais, não garantem que os interesses e as necessidades dos cidadãos sejam devidamente considerados e atendidos. Advocacy entra como uma alternativa poderosa, permitindo que diferentes grupos da sociedade civil façam ouvir suas vozes entre os tomadores de decisão.


No advocacy, encontramos uma ferramenta de representação política que vai além do voto. Trata-se de uma forma de garantir que questões importantes e diversas sejam levadas ao conhecimento dos governantes, independentemente de ciclos eleitorais. Isso é especialmente relevante em um contexto onde a crise de confiança no sistema representativo é palpável.


Advocacy também se distingue por ser uma representação autoautorizada. Diferente da representação eleitoral, onde escolhemos nossos representantes através do voto, no advocacy, os representantes escolhem as causas que defendem. É um mecanismo que inverte a lógica tradicional, permitindo que grupos e causas que não têm visibilidade no sistema eleitoral tradicional ganhem espaço e atenção.


Tomemos como exemplo o Greenpeace. Esta organização advoga pela proteção do meio ambiente, mas o planeta Terra, claro, não pode expressar se concorda ou discorda das estratégias do Greenpeace. A legitimidade dessa representação vem do apoio de outras organizações, da sociedade civil e da opinião pública. Isso exemplifica bem como advocacy funciona: é sobre dar voz e visibilidade a causas que de outra forma poderiam ficar marginalizadas.


Por fim, advocacy é essencial para engajar e mobilizar a opinião pública. Em um mundo onde a informação circula rapidamente e as redes sociais têm um impacto imenso, utilizar advocacy de maneira estratégica pode trazer mudanças significativas. É um meio eficaz de criar pressão social, educar o público e influenciar políticas públicas de maneira positiva e proativa.


Formas de Participação Complementares

Além do voto, existem várias maneiras pelas quais os cidadãos podem participar ativamente do processo democrático. Conselhos gestores, consultas públicas e audiências públicas são alguns exemplos de espaços onde a sociedade civil pode influenciar diretamente a tomada de decisões. Esses mecanismos são vitais para garantir que diferentes perspectivas sejam consideradas na formulação de políticas públicas.


Os conselhos gestores de políticas públicas, por exemplo, são espaços onde representantes da sociedade civil e do governo se encontram para discutir e decidir sobre questões específicas. Esses conselhos permitem uma interação direta e contínua entre os cidadãos e os tomadores de decisão, promovendo uma governança mais participativa e transparente.


As consultas públicas são outro exemplo importante. Elas oferecem uma plataforma para que os cidadãos expressem suas opiniões sobre propostas legislativas ou políticas antes que elas sejam implementadas. Esse processo ajuda a garantir que as políticas públicas reflitam melhor as necessidades e desejos da população.


Além desses mecanismos formais, as manifestações e os protestos também são formas legítimas de participação cidadã. Elas permitem que os cidadãos expressem suas insatisfações e demandas de maneira visível e impactante. As redes sociais amplificam ainda mais essas vozes, criando uma pressão social que pode influenciar decisões políticas.


Por fim, advocacy se diferencia do ativismo por sua abordagem mais estruturada e estratégica. Enquanto o ativismo pode ser visto como uma resposta imediata e muitas vezes emocional a problemas específicos, o advocacy envolve uma estratégia de longo prazo para influenciar políticas públicas e práticas governamentais. Ambos são importantes, mas o advocacy traz uma perspectiva de continuidade e engajamento constante, essencial para uma democracia saudável.


Distinção entre Advocacy e Lobby

É comum que advocacy e lobby sejam confundidos, mas, na verdade, eles têm diferenças significativas, especialmente em suas abordagens e objetivos. Entender essas distinções é crucial para apreciarmos o papel vital que cada um desempenha nas relações governamentais e institucionais.


O lobby é uma tática direta. Ele envolve o contato direto com tomadores de decisão para influenciar a elaboração e implementação de políticas públicas. Os lobistas trabalham diretamente com legisladores, apresentando argumentos e dados que apoiam suas causas. Esta abordagem é mais imediata e focada em resultados específicos e tangíveis, como a aprovação ou rejeição de uma legislação.


Por outro lado, advocacy adota uma abordagem indireta. Ele se concentra em mobilizar a opinião pública, educar a sociedade sobre questões importantes e criar um ambiente favorável para mudanças políticas. Advocacy utiliza uma variedade de ferramentas, como campanhas de conscientização, pesquisas, relatórios, e engajamento com a mídia para influenciar a percepção pública e, consequentemente, a ação governamental. É uma estratégia de longo prazo que busca moldar o debate público e criar uma base de apoio ampla para mudanças políticas sustentáveis.


Um exemplo claro dessa diferença é a forma como ambas as táticas operam durante uma campanha legislativa. Enquanto o lobby pode se concentrar em reuniões privadas com legisladores para discutir pontos específicos de um projeto de lei, advocacy pode envolver a organização de manifestações públicas, petições online, e campanhas de mídia social para aumentar a pressão sobre os legisladores.


Outro ponto de distinção é a transparência e a inclusão. Advocacy tende a ser mais transparente e inclusivo, envolvendo um grande número de atores e promovendo um diálogo aberto com a sociedade. Isso contrasta com a natureza muitas vezes discreta do lobby, que pode ser visto como menos acessível ao público geral.


Ambas as práticas são importantes e complementares. Enquanto o lobby pode fornecer os contatos e as negociações diretas necessárias para implementar mudanças políticas específicas, advocacy cria o ambiente de apoio e pressão social necessário para que essas mudanças sejam sustentáveis e representem verdadeiramente os interesses da sociedade.


Conclusão

Advocacy é uma ferramenta poderosa para fortalecer nossa democracia, garantindo que a voz da sociedade civil seja continuamente ouvida e considerada. Em um contexto de crise de representatividade e confiança, advocacy oferece uma alternativa vital à representação eleitoral tradicional. Ao complementar o voto com formas ativas e contínuas de participação, podemos construir políticas públicas mais eficazes, inclusivas e transparentes.


Entender a importância do advocacy e como ele se diferencia do lobby é crucial para qualquer pessoa interessada em relações institucionais e governamentais. Advocacy não apenas fortalece a democracia, mas também promove uma cultura de engajamento cívico e responsabilidade social.


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